Os impactos da decisão do STF de suspender os processos de “pejotização”

Os impactos da decisão do STF de suspender os processos de “pejotização”

Uma recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) trouxe novos desdobramentos para empresas e profissionais que atuam no modelo conhecido como “pejotização” — quando um trabalhador presta serviços como pessoa jurídica, em vez de ser contratado via CLT.

A determinação foi assinada pelo ministro Gilmar Mendes, que ordenou a suspensão de todos os processos no Brasil que discutem a validade desse tipo de contrato. A medida foi motivada pelo impasse que existe entre o STF e a Justiça do Trabalho sobre a legalidade dessa prática, que afeta diretamente a segurança jurídica de empresas e trabalhadores.

Entenda a divergência sobre a pejotização

A pejotização se tornou um modelo bastante comum em setores como saúde, corretagem de imóveis, representação comercial e serviços de entrega, especialmente após a Reforma Trabalhista de 2017, que flexibilizou diversas relações de trabalho.

O problema é que, mesmo com a flexibilização, a Justiça do Trabalho continua reconhecendo, em muitos casos, o vínculo empregatício de profissionais que atuam via pessoa jurídica. Já o STF possui um entendimento mais liberal sobre o tema. Em 2018, por exemplo, o Supremo derrubou uma súmula do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que limitava a terceirização de atividades-fim, permitindo que empresas pudessem terceirizar qualquer etapa de seus serviços.

Essa divergência tem gerado um volume crescente de ações judiciais, com decisões conflitantes. O próprio Gilmar Mendes destacou que a resistência da Justiça do Trabalho em seguir o entendimento do STF gera um ambiente de insegurança jurídica e sobrecarrega o Supremo com recursos.

O que muda com a suspensão dos processos

Com a decisão, todos os processos que discutem pejotização no Brasil estão temporariamente suspensos até que o plenário do STF julgue o mérito do recurso que trata do tema. Ainda não há uma data definida para essa análise final.

Além de buscar uniformizar o entendimento jurídico, a medida pretende conter a multiplicação de decisões divergentes e aliviar o volume de ações que chegam ao STF, que na prática tem funcionado como uma instância revisora das decisões da Justiça do Trabalho.

O que empresas e profissionais devem esperar

Para quem contrata ou presta serviços como pessoa jurídica, a decisão do STF é um sinal claro de que o debate sobre a legalidade da pejotização ainda não está encerrado. A suspensão dos processos gera um período de expectativa e exige atenção redobrada, tanto de empresários quanto de trabalhadores autônomos e seus advogados.

Enquanto o Supremo não bate o martelo sobre o tema, é recomendável revisar contratos e buscar aconselhamento jurídico para reduzir riscos de futuras ações trabalhistas.

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